Autor: Artur L. de S. Maciel
Orientadora: Profa. Dra. Maria do Mar Vazquez y Manzano
Artigo produzido como resultado das pesquisas sobre arte no Grupo Matizes (Departamento de Artes - UFRN) na Base de Pesquisa Metodologias Interdisciplinares de em e sobre Artes.
O artigo foi apresentado no Congresso de Iniciação Científica da UFRN em 2010 e na Revista Verbejarte.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
terça-feira, 27 de setembro de 2011
2010 - SERTÃO-MAR - com Marjorie Simões
Clique sobre a imagem para a execução do vídeo (em outra janela)
SERTÃO-MAR com Marjorie Simões
Performance para vídeo
4´20”
O trabalho é uma pesquisa sobre "extremos" sob a
perspectiva das relações sensíveis, na proposição de ciclos. Que confluem e
tendem a uma relação de construção e desconstrução, em direção ao
"novo" que novamente é reprocessado.
“O
sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão” frase de Euclides da Cunha, em
“Os Sertões”, discorre sobre a Guerra de Canudos, e é o ponto focal desse
trabalho. Esta frase expressa pontos extremos, entre seco/molhado como uma
metáfora de morte/vida (no ideário sobre a seca) e o desejo de Antônio
Conselheiro em ver sua terra próspera e fecunda. Essa citação foi utilizada de
forma a criar uma metáfora no vídeo proposto.
A
ideia consistiu em mostrar a relação entre indivíduo, ambiente e sua relação de
mudança, como metáfora de transformações internas do indivíduo. O trabalho
consiste em um vídeo documental sobre uma performance realizada na Praia de
Muriú (Ceará Mirim- RN).
Artur Souza, 2010
olho-câmera
e fotografia
Marjorie Simões
edição
Artur Souza
2009 - De partir e ficar - Exposição Mobilidade - Museu FBAUP, Porto, PT.
DE PARTIR E
FICAR
papel, impressão serigráfica, linha
aprox. 200 x 70 x 100cm
Quais os caminhos que um imigrante pode percorrer? A cidade do Porto com seus mapas tentam nortear o visitante que aqui chega ao encontro de sua arquitetura e seu patrimônio artístico e cultural. Cada mapa parece tentar apresentar todos os valores historicamente construídos. História de resistência e lutas para além mar. O pardal, ave abundante no Brasil, tenta se nortear por estes caminhos e tenta encontrar refúgio em uma terra onde os habitantes detem parte de sua história e de seus laços de sangue. Criando assim uma história comum entre a sua terra e Portugal.
O trabalho proposto trata-se de serigrafia e linha de crochê sobre papel. O processo de produção gráfica serigráfica cria uma imagem plana a superfície do papel. Na tentativa de subverter a planaridade da serigrafia com a colagem de matéria confere a gravura um relevo sugerindo caminhos e, além disso, uma instalação. Os caminhos que nortearão o retorno a sua terra e a possibilidade de retorno a esta. Voar e deixar os fios que fará voltar a pousar sobre solo lusitano.
Artur Souza, 2009
2008-2009 Fragmentos de Sonora Gravuras em Metal - FBAUP/Porto-PT
MANGUE 1
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
MANGUE 2
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
CIDADE-MANGUE
PARTIDA
linóleo, água tinta, água forte, chine-collé, carimbos,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
MÁQUINA 1
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
MÁQUINA 2
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
ORGANIZANDO PARA DESORGANIZAR 1
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
ORGANIZANDO PARA DESORGANIZAR 2
água tinta, água forte, chine-collé,
tintas Charbonnel e Arttools sobre papel
Velin Johannot 340g/m²
67x50cm
“cadê as notas que
estavam aqui?
Não preciso delas
Basta deixar soando bem aos ouvidos”
Chico Science
A planície costeira onde a cidade de Recife foi fundada é cortada por seis
rios. Após a expulsão dos holandeses no
século XVII a (ex)cidade “maurícia” passou a crescer desordenadamente às custas do aterramento indiscriminado e
desordenado dos seus mangues. Em contrapartida, o desvairio irresistível de uma
única noção de progresso, que levou a cidade ao ponto de “metrópole” do nordeste
não tardou a revelar sua fragilidade. Bastam pequenas mudanças nos “ventos” da
história para que os primeiros sinais de esclerose econômica se manifestassem,
no início dos anos 60. Nos últimos trinta anos a síndrome da estagnação aliada a permanencia do mito de “metrópole”, só tem
elevado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano. O
Recife detém hoje o maior índice de desemprego do país, Mais da metade dos seus
habitantes moram em favelas e alagados. É hoje a quarta pior cidade do mundo para
se viver (SCIENCE, Chico ... e Nação
Zumbi: Da Lama ao Caos (encarte). Recife: Caos Record: 1994: digital, estéreo
[grifo meu]).
Natal caminha para um quadro
semelhante. O capital estrangeiro aliado a falta de políticas públicas comprometidas,
aportadas por uma visão de evolução baseada no “mascaramento” dos problemas
sociais e ambientais, parece guiá-la engatinhar para a “metrópole”. Uma cidade
que importa-se com o turismo e com as divisas que esta prática traz a cidade. Esquecendo-se
dos valores socio-ambientais e se afastando-se da história e de sua cultura.
Fagocitando todas as influências extrangeiras e negando sua cultura e suas
manifestações folclóricas. A cidade se esparrama pelo solo e cobre com seu
tecido cinza e poluidor em uma velocidade assustadora sem se importar com o que
encobre pelo caminho, sem observar como isto ocorre e suas consequências.
Os mangues estão entre os ecossistemas mais produtivos do
mundo. Estima-se que duas mil espécies de microorganismos e animais vertebrados
e invertebrados estejam associados a vegetação do mangue. Os estuários fornecem
áreas de desova e criação para dois terços da produção anual de pescados do
mundo inteiro. Pelo menos oitenta espécies, comercialmente importantes dependem
dos alagadiços costeiros. Não é por acaso que os mangues são considerados um
elo básico da cadeia alimentar marinha.
Ouvir o som e transformá-lo em forma. Ver a forma e
tentar transformá-la em som. Sinestesia. As gravuras apresentadas são de uma
série produzidas na Faculdade de Belas Artes do Porto, na disciplina Obra
Gráfica, sob a orientação da professora Graciele Machado e do Técnico Avelino
Guedes. Trata-se de experimentos e imagens únicas com a associação de matrizes.
Água forte, água tinta, relevo seco, serigrafia, carimbos, chiné-colle,
fotogravura. Unindo técnicas e tentando subverter o caráter de multiplicidade
pelo anulamento de registros, ou simplesmente pela não utilização. As imagens
criadas recorrem a sobreposição de impressões e de cores como fim a criação de
composições mais “estáveis”. O processo de confecção das matrizes por
fotogravura com fotocópias é um processo que versa sobre a anulação de parte da
imagem e como, de certa forma, houve quase a total transferência imagética, o
processo parece ter se encarregado da degradação da imagem com a retirada de
matéria do papel. A tentativa de apagar ou de driblar o acidente parece não
muito eficaz, conferindo a imagem um caráter de “único”.
As imagens construídas remetem a dicotomia entre o
artificial e o natural. O mangue e seus habitantes decápodes, a flora vegetal e
sua fragmentação. E a construção arquitetônica, a fuga animal e a
coleta sonora. A transformação das estruturas de lama em estruturas de concreto
armado. A coleta da imagem e a máquina transformadora em sons. Sons que trazem
do mangue seu ritmo e significância a dureza cinza da cidade. O processo de
confecção das matrizes pode revelar-se artificial pela utilização de
substâncias químicas e materiais industrializados (placas de alumínio), o que
confere ao trabalho uma nova questão sobre o que é realmente natural e o que é
artificial. Mas o que importa, realmente, neste momento, é a construção da
imagem enquanto poética pessoal e experiência produtiva gráfica, na construção
de um discurso visual afim ao caráter das estéticas sinestésicas do manguebeat,
alinhando o trabalho ao carácter musical-experimental que John Cage propõe em
sua produção, mas de forma inversa com a audição de músicas e posterior criação
de imagens. Que o mangue permaneça vivo e que se possa coexistir com sua
estrutura frágil de lama e que a cidade com sua dureza-cinza ache novas formas
e políticas alinhadas ao desenvolvimento socio-ambiental.
Artur Souza, 2009
Artur Souza, 2009
2009 - Fragmentos de DITA ET AMBULA - XIII ENEARTE - SALVADOR, BA
FRAGMENTO
DE DITA EM AMBULA
ovos, linha, fotocópias de atestado de morte,
fita crepe, café, tínta acrílica
aprox. 220x 200 x 300cm
Mostra Artística do XIII ENEARTE 2009
O indivíduo do presente é formado pela relação de
sua memória e de suas experiências anteriores. É neste contexto, de criar uma
linha, linha temporal estendida pelo espaço, desde seu nascimento até sua
provável morte, que a identidade individual é construída, como linha temporal
de um simulacro com prazos.
A instalação proposta para o XIII Encontro Nacional
dos Estudantes de Arte é um desdobramento da exposição realizada em 2007, na
Galeria Conviv´Art, em Natal, sobre pesquisa de métodos contemporâneos de
reprodução gráfica (gravura), com experimento de materiais alternativos, da
desconstrução da formalidade da gravura e das formas expositivas tradicionais.
Neste contexto a inserção de objetos e elementos que resignificam o impresso e
da tentativa de insubordinar a bidimensionalidade da gravura a uma relação
espaço-temporal.
Para a instalação foram utilizadas 60 fotocópias de
atestados de óbito com impressões de estêncil sobre papel com tinta acrílica preta.
Ligadas a 60 ovos de galinha por linhas de crochê. As fotocópias foram presas a
parede com fita crepe kraft e os fios grudados com cola quente até a
extremidade do ovo, que estavam preso com cola quente sobre o chão. A
instalação ocupou uma área de 2,00 x 3,00 metros no chão e uma área
de 3,00 metros de largura em uma parede.
Artur Souza, 2008
Assinar:
Postagens (Atom)